Quantcast
Channel: DoubleJump » Game Design
Viewing all articles
Browse latest Browse all 10

A diferença entre o que estudar e como estudar

$
0
0

Depois de mais de um trimestre falando diariamente sobre jogos, acredito que o Double Jump já tenha discutido diversas áreas da produção, gerência e negócios em jogos. Baseado nisso, acredito que muitos de vocês tenham gostado de um ou outro tópico, e queria se aprofundar.

Logo, demos-te o que estudar. Ou seja, uma nova área foi descoberta e você tem curiosade e quer descobrir mais. Você tem uma motivação. Essa motivação pode ter sido desencadeada por diversos motivos: gosto pessoal ou profissional, similaridade de conteúdo com algo que você já gosta ou conhece, interesse intrínseco no ato de estudar, seja por ser uma área nova, ou uma área difícil.

Mas, acho que temos que discutir um pouco mais um problema maior do que o foco de um estudo, ou a motivação para tal. Temos que discutir como estudar.

Optei como curso de graduação o curso de Matemática aplicada e computacional. Por incrível que pareça, é um curso fácil de estudar, mas que tem como objeto de estudo temas difíceis. Por que afirmo isso? Simples: estamos acustumados com matemática. Desde o primário, você estuda a base da matemática e vê com exemplos, seu uso no cotidiano. No meu curso, sentia que muitas matérias eram simplesmente extensões do colegial. Ou seja, mais matéria.

Porém, para algumas matérias, o método de estudo não era suficiente para o entendimento dela.

Vou tentar exemplificar (e, que fiquei claro, são impressões minhas):

Em Cálculo, o “como estudar” era simples: lista de exercícios. Ler livros ou procurar aplicações não me ajudavam em nada no entendimento da matéria. Era como se eu estivesse aprendendo uma versão 2.0 de funções. Ou seja, era sentar, fazer milhões de exercícios, tirar dúvidas com os colegas e com os monitores e, por fim, aprender.

Agora, em computação, isso não era verdade. Por mais que eu fizesse os exercícios, eles eram tão “pontuais” que não chegavam em ajudar quase em nada. Por mais que eu conseguisse implementar qualquer coisa que era pedida, se eu me exigia um pouco a mais, eu já não tinha noção do que fazer.

Por exemplo: tinha que calcular alguma função matemática dado alguns parâmetros. Fácil. Mas, e se eu quisesse visualizar essa função matemática? Não sabia nem por onde começar. E se eu quisesse contemplar duas funções, e não uma? Idem.

O mesmo método de estudo não era o bastante para eu aprender computação. E não foi. Tanto que, para aqueles que não tinham afinidade, e não tinha programação como vocação/sonho, não sabem até hoje fazer um programa simples.

Desenvolver jogos cai em uma categoria diferente do curso que eu fiz. Acredito que você não aprende nada relacionado a criar jogos no colegial. Então, estudar jogos não pode ter o mesmo método de ensino que se tinha no colegial. É necessário estudar de maneira diferente para de fato entender o que precisa ser necessário.

Em outras palavras, o como estudar de quem quer desenvolver jogos precisa mudar. Essa percepção não é fácil. Ainda mais quando se descobre que é muito, mas muito mais trabalhoso do que no método convencional.

Como estudar, você me pergunta? Não sei. Não sou pedagogo, e nem fiz faculdade de jogos. Mas, para entrar na área, tive que ir além, muito além do que me era pedido. Estudei ambientes próprios para jogo, tentando entender suas limitações, mas, principalmente, sua capacidade. Ou seja, não estudei Flash esperando alta-performance ou gráficos 3D. Estudei com o intuito de programar o gameplay de algum jogo.

Basicamente, tente pensar fora da caixa. Não ache que ler livros ou fazer exercícios vão te preparar para o que está por vir, porque não vai. É necessário “artimanhas” e habilidades muito além das adquiridas na faculdade. Para ganhá-las, trabalhe duro, aprenda com quem já aprendeu, tenha vontade, não desista fácil e, assim que der, trabalhe em um jogo. Monte uma equipe, não trabahe sozinho.

Talvez muitos pensem que eu estou subestimando a academia ou os métodos acadêmicos. Talvez esteja. Mas, antes, faça a seguinte conta: some todos os alunos de todos os cursos voltados para jogos do Brasil e divida pelo número de vagas na indústria de jogos. Você pode ter uma noção do segundo número no site da abragames. Do primeiro, não sei, mas não é difícil achar a relação de cursos de jogos.

Com certeza o número achado é maior que 1. Isso quer dizer que, para cada vaga no mercado, há mais de um estudante em cursos de jogos querendo preenchê-la. E estamos falando apenas de curso de jogos. E cursos de artes? Cursos de exatas?

Em suma, você acha que estará realmente preparado fazendo apenas o que é pedido em seu curso?

EDIT: Para entender melhor o rumo que tomei e saber os resultados (e também o Glauber , o Artemis e o Gilliard), ouça o podcast #9.

maisApplication programming interface


Viewing all articles
Browse latest Browse all 10

Latest Images

Trending Articles





Latest Images